Visando levar o seu conteúdo
para um público mais abrangente, a UERN TV está não só na televisão, está
representada também ativamente nas redes sociais. Com dois anos de fundação, a UERN
TV busca uma conexão entre universidade e população, na cidade de Mossoró, no
Rio Grande do Norte. Um de seus idealizadores, Fabiano Morais, coordenador da
UERN TV, nos deu uma entrevista contando um pouco mais sobre sua experiência e
os desafios de fundar uma TV em uma Universidade.
Há quanto tempo a TV UERN
existe?
Fabiano Morais: A UERN TV existe desde o dia
20 de setembro de 2014. Então, nesses dois anos de fundação, que é muito pouco
para uma TV Universitária, vários projetos já foram desenvolvidos. Podemos
dizer que é uma televisão que ainda está dando os primeiros passos, por se
tratar de um veículo que exige mais tempo para você ter uma maior desenvoltura.
Como surgiu a ideia de uma TV
universitária e qual foi o sentimento após o projeto concretizado?
Fabiano Morais: A ideia da TV Universitária,
na verdade, surgiu a bem mais tempo. Se a TV tem 2 anos, há pelo menos 7 anos
começou-se a pensar na ideia de uma TV. O curso de Comunicação aqui da UERN tem
13 anos. Então, num amadurecimento do curso, quando estávamos com uns 5 ou 6
anos, começamos a pensar numa TV. E aí, pensamos em qual modelo de TV. Fomos
analisar pelo Brasil, participar de alguns eventos e vimos que uma das
situações e possibilidades seria uma TV a cabo. Como na cidade de Mossoró existe
essa TV a cabo, a gente pensou justamente em ocupar esse canal universitário de
acordo com a legislação federal. Começamos a trabalhar e buscar parceria para
que esse sonho fosse realizado. E quando isso se concretizou, aí realmente foi
muita satisfação para todos do curso de Comunicação Social implantar uma TV
universitária.
Qual foi o maior desafio da TV
antes de entrar no ar?
Fabiano Morais: O maior desafio da UERN TV,
antes de entrar no ar, foi a busca de parcerias. Equipamentos nós tínhamos
pouco. Como colocar no ar uma TV se seria exigido mais equipamentos, mais
estruturas?! Foi aí que surgiu a ideia de buscarmos a parceria com a TCM, que é
a TV Cabo Mossoró e que tem como proprietário o ex-reitor da Universidade.
Então o diálogo foi fácil de certo modo e através da sessão de alguns
equipamentos, principalmente para o master [setor
de controle], para a transmissão, foi quando conseguimos viabilizar a ideia de
colocar no ar o canal universitário.
Qual o papel da TV
universitária na sociedade?
Fabiano Morais: Entendemos que o papel da
UERN TV junto à sociedade é de levar uma programação diferenciada do que se tem
na TV comercial, ou seja, a gente prioriza sempre algo que esteja na área da
educação e da cultura. Que a gente possa levar à sociedade com informação e com
qualidade programas que traçam a reflexão e temas importantes da sociedade. É o
que a gente mais tenta, justamente, é evitar uma programação que às vezes não
tenha uma devida qualidade para um público universitário e para a sociedade
como um todo. Então, a gente zela e prima muito pela questão da educação e da
cultura em nossa grade de programação.
A UERN TV tem cobertura em
Mossoró. A programação tem conexão, ou seja, busca integrar população e
universidade?
Fabiano Morais: UERN TV é transmitida na TV a
cabo. A gente sabe que já existe limitação por não ser um sinal aberto, porém,
como a TCM aqui em Mossoró tem cerca de 20 mil assinantes, faz com que nosso
sinal chegue a muitas famílias, chegue a sociedade de um modo geral. Porém,
além do canal 21, que é onde nós estamos sendo transmitidos,nós usamos o
YouTube como forma de propagar essa mensagem, com isso, a gente entende que
chega de modo mais efetivo junto à sociedade levando nossa programação. Numa
programação à la carte,
o telespectador e internauta assiste na hora que ele pode, na hora que ele
entende que é melhor. Então eu acho que, de um modo em geral, pelo conteúdo que
a gente entende que passa para a sociedade, nós estamos integrados e
interagindo constantemente com a sociedade através da universidade.
E a comunidade participa
diretamente dos programas apresentados no canal?
Fabiano Morais: A comunidade, de um modo
geral, participa porque só o fato de ser universidade a gente já tem aí número
representativo de vários segmentos. Como nós temos cursos em diversas
áreas,temos projetos de extensão e programas que eles estão ligados e aí vão
para a sociedade, vão para as empresas,vão para as ruas. Nós temos outras
temáticas com outros cursos da universidade que fazem com que a gente tenha essa
integração como, por exemplo, a Filosofia,em que temos um programa e que
ouvimos constantemente as pessoas, estudantes de escolas públicas...Enfim,
entendemos que é importante e necessária essa integração o tempo todo da
universidade com a comunidade.
Além do Departamento de
Comunicação Social, DECOM, quais outros departamentos participam da UERN TV?
Fabiano Morais: O Departamento de Comunicação
Social da UERN é quem gere a TV Universitária. Porém, através de projetos de
extensão, nós conseguimos chegar a outros departamentos como, por exemplo, o
departamento de Ciências Contábeis. Nós temos um programa chamado “Finanças em
Foco”, que é feito por professores e alunos do departamento em conjunto com os
nossos alunos. É um projeto de extensão que permite que alunos bolsistas dos
dois departamentos façam essa integração. Acontece também com outro
departamento de Filosofia,em que a gente exibe mensalmente um programa chamado
“Filosofando”. Então, é uma integração da mesma forma com esse departamento.
Além disso, temos outros projetos de extensão com outros departamentos como de
Música e de Medicina, são departamentos que de certo modo interagem com a
gente, isso em termos de projetos oficializados. Fora isso, temos
constantemente abordagens com outros departamentos em que a gente está sempre
mostrando eventos, elaborando reportagens. A integração com outros
departamentos é sempre contínua dentro da UERN TV.
Qual a maior preocupação que
as TVs universitárias têm quando levam a informação ao público e como as redes
sociais se encaixam nesse contexto?
Fabiano Morais: Eu acho que a maior
preocupação que as TVs Universitárias devem ter quando leva a informação ao
público é com a qualidade, é com zelo na informação, é com o tipo de abordagem.
Porque é interessante a universidade, através de uma TV, levar a informação que
faça com que o cidadão possa refletir. Possa debater temas importantes não só
no âmbito local, mas, no âmbito nacional. Eu acho que a obrigação da
universidade é fazer com que essa informação chegue com qualidade. E, para
isso, um grande aliado são as redes sociais, que vai permitindo com que as
pessoas saibam que nós estamos levando essa ou aquela informação. Ou seja, hoje
as redes sociais funcionam como um grande enlace para a programação na própria TV.
Tanto é que, às vezes, temos a certeza que mais pessoas visualizam nossas
produções pelo YouTube do que propriamente pelo canal a cabo. Então é uma nova
fase que vive a televisão de um modo geral e que a gente tenta fazer essa
aliança e estar antenado com o que acontece.
O que vocês da UERN TV
planejam para o futuro? Quais projetos podem ser previstos para 2017?
Fabiano Morais: Atualmente a universidade,
através da TV, tem projetos e parcerias com algumas outras TVs e também com
fundações, como é o caso da Fundação Roberto Marinho,em que a gente tem uma
parceria já de dois anos com o Canal Futura.Também temos uma parceria com a TV
Universitária da UFRN, com a qual nós produzimos um programa para a TV Brasil
semanalmente que é o “Tela Rural”. Nós temos a nossa programação sendo
retransmitida na TV Assembleia do estado do Rio Grande do Norte, sediada em
Natal, na TV Câmara aqui na cidade de Mossoró e, fora isso, emitindo e enviando
algumas de nossas produções para outras TVs universitárias do Brasil. Para 2017,nós
pretendemos ampliar os projetos que temos em termos nacionais como o Canal
Futura e também com a TV Brasil. E, em 2017, deve ser efetivado um convênio com
a fundação Padre Anchieta, em que a gente deve participar com produções na TV
Cultura de São Paulo. Então, a gente sempre está pensando na possibilidade de
ampliação e efetivação desses convênios que fazem com que a nossa produção
possa sair de Mossoró, do Rio Grande do Norte, para alcançar todo Brasil.
Quais os desafios de integrar
uma TV universitária numa Universidade?
Fabiano Morais: Os maiores desafios de
integrar uma TV universitária dentro da universidade são referentes a questão
orçamentária. Hoje se sabe que as universidades tanto estaduais quanto federais
passam por uma enorme dificuldade financeira. Então aqui, no nosso estado, não
é diferente. O estado vive uma crise sem precedentes e isso chega diretamente
na universidade. E, no caso da TV Universitária, como a gente tem poucos
recursos, a dificuldade de comprar novos equipamentos, de fazer planejamentos
para viagem,às vezes impede um pouco o nosso crescimento. Então entra o fator
criatividade, a gente busca parcerias para que a gente não deixe de fazer
produções por causa dessas situações complexas financeiras dentro do próprio estado.
A questão orçamentária é a maior dificuldade, hoje, para quem faz uma TV
Universitária pública no Brasil.
Como a UERN TV lida com
internet e como funciona a programação do canal durante a semana?
Fabiano Morais: Durante a semana, a UERN TV
tem uma programação exibida toda segunda-feira, geralmente uma programação de 3
horas. Uma programação inédita das 18h da noite até as 21h e com reprise na
quinta-feira. Essa programação, quando não está com a nossa local, está sendo
transmitida pelo Canal Futura. Então, é uma forma que a gente encontrou de ter
um grande parceiro, com uma programação de qualidade. Porque o que o Futura faz
é semelhante ao que nós tentamos fazer aqui, ou seja, levar a educação, levar
novas linguagens, novas narrativas de TV e isso tem permitido que a gente
esteja em sintonia. E para isso, a gente tem um grande aliado, para poder
mesclar tudo isso, que é a internet. Sem ela hoje, realmente, a gente não
conseguiria ter a propagação que nós já tivemos em pouco mais de dois anos. Ela
é fundamental para o crescimento através da divulgação e da marca UERN TV. Para
que a sociedade possa ter conhecimento do que é essa TV Universitária da
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.
Como é a forma de
financiamento da TV em tempos de crise e, além da TV Futura, quais são seus
outros parceiros e o papel de cada um para o projeto UERN TV?
Fabiano Morais: A forma de financiamento hoje
da UERN TV praticamente inexiste. Porque os projetos cada vez mais estão
escassos de conseguir editais e viabilidades e, internamente, esse dinheiro
praticamente inexiste. Então a forma que a gente tem encontrado é a busca por
apoios culturais. Empresas locais que, em troca de algum serviço para a UERN
TV, entra com o apoio cultural deles em algum programa como pede a legislação
federal. Então, a gente tem encontrado, dentro desses parceiros, uma forma da
gente conseguir alguns recursos. E outros são dos próprios recursos internos de
projetos que circulam na universidade como por exemplo o Pibid [Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência] e o Parfor [Plano Nacional de
Formação de Professores da Educação Básica]. Então esses projetos, geralmente
tem uma verba para a produção de documentários de um material audiovisual.
Então, em vez dos programas contratarem uma produtora externa, nós temos feito
uma parceria para que esse recurso fique dentro da própria TV e, com isso, a
gente vai conseguindo comprar alguns equipamentos, sempre tentando aliar com
outros projetos federais como emendas de bancadas e outros que a universidade
participa através de convênios. Então é dessa forma que a gente tenta
viabilizar os recursos para o crescimento da UERN TV.
FONTE
TV UFAM